XP Investimentos confirma 2025 como “ano da renda fixa” e recomenda bonds internacionais

XP Investimentos confirma 2025 como “ano da renda fixa” e recomenda bonds internacionais

Quando XP Investimentos divulgou seu relatório semestral, ficou claro que 2025 continua sendo o ano da renda fixa no Brasil. O documento, elaborado pelo Camilla Dolle, chefe de renda fixa do Research XP, apontou oportunidades em títulos pós‑fixados, IPCA+ e ativos dolarizados, mesmo diante das recentes mudanças regulatórias. O que isso significa para o investidor comum? Basicamente, há mais espaço para rentabilidade guardada em papéis seguros e, ao mesmo tempo, para quem busca risco moderado, opções de crédito privado bem selecionado.

Contexto: por que 2025 é marcado pela renda fixa?

A taxa Selic permaneceu em patamares elevados ao longo de 2024 e, no início de 2025, ainda girava acima de 13,75% ao ano. Essa situação cria um "prêmio" nas curvas de juros, tornando os títulos públicos mais atrativos para quem pensa em curto prazo. Além disso, a inflação, embora acima da meta, tem mostrado tendência de queda, o que reforça a ideia de que os títulos atrelados ao IPCA+ podem gerar retornos reais confortáveis.

Em contraste, o mercado de ações continua volátil, impactado por incertezas políticas e externas. Por isso, a XP Investimentos decidiu reforçar a mensagem de que, neste cenário, renda fixa não é sinônimo apenas de segurança, mas também de oportunidade.

Desdobramentos: recomendações específicas da XP

Para o investidor conservador, a XP recomenda alocação em papéis pós‑fixados via Tesouro Direto. Camilla Dolle explicou em entrevista: “Entendemos ser uma boa opção de alocação para objetivos de curto prazo, que pode ser feita via títulos públicos”. O foco está nos títulos SELIC, que acompanham a taxa básica e oferecem liquidez diária.

Já para quem tem maior apetite por risco, a corretora aponta emissões bancárias e corporativas de alta qualidade. Dolle acrescentou que “Temos uma boa visão para o crédito privado, mas sempre com seletividade”, destacando empresas com alavancagem dentro dos limites aceitáveis. O critério de seleção inclui rating interno acima de "A" e cobertura de juros superior a 2,5 vezes.

Além disso, a XP lançou, em 30 de setembro de 2025, sua lista mensal de bonds internacionais. São ativos denominados em dólares, geralmente prefixados, com cupons semestrais, emitidos por companhias brasileiras que buscam financiamento no exterior. A política de risco exige que nenhum emissor represente mais de 5% do portfólio do investidor, reduzindo ainda mais a exposição a eventuais calotes.

Evento XP International Week: foco na renda fixa global

No XP International WeekBrasil, realizada em setembro, Mayara Rodrigues, analista de renda fixa da XP, recebeu Isabella Nunes, diretora comercial da J.P. Morgan Asset Management. As duas compararam o tamanho do mercado de renda fixa corporativa americana – cerca de US$ 13 trilhões – com o brasileiro, que soma aproximadamente US$ 500 bilhões.

Isabella enfatizou que “Só o mercado de high‑yield americano é 3‑4 vezes todo o mercado corporativo no Brasil” e ressaltou a profundidade e liquidez dos títulos dos EUA, cujo volume médio diário chega a US$ 51 bilhões, frente a US$ 0,8 bilhão no Brasil.

Esses números reforçam a estratégia da XP de oferecer aos clientes acesso a bonds internacionais, diversificando a carteira e reduzindo a correlação com a moeda local.

Reações e perspectivas dos players do mercado

Reações e perspectivas dos players do mercado

Durante o Expert XP 2025Brasil, o painel “Somos o país da renda fixa?” contou com a presença de Camilla Dolle, Ana Rodela (CO da Bradesco Asset), Luís Eduardo Portela (sócio fundador da Novus Capital) e Fábio Oliveira (gestor de crédito privado da XP Asset).

O consenso foi que a alta da Selic cria um “prêmio” nas curvas de juros, mas que a inflação ainda pode surpreender. Enquanto a XP mantém a visão de queda gradual da inflação, alguns analistas do Bradesco previram um leve repique nos próximos meses, o que pode reduzir ainda mais o spread dos títulos reais.

Portela, por sua vez, viu na diversificação internacional a principal ferramenta para proteger o portfólio contra eventuais choques de taxa doméstica.

Impacto para o investidor brasileiro

Em termos práticos, a recomendação da XP traz três caminhos claros:

  1. Tesouro Selic: garantia de liquidez e rentabilidade atrelada à taxa básica.
  2. Crédito privado seletivo: foco em emissores bancários e corporativos com rating acima de "A".
  3. Bonds internacionais: exposição a dólares, com limites de 5% por emissor para mitigar risco de concentração.

Para quem tem menos de R$ 50 mil para investir, a alocação em Tesouro Direto pode representar até 70% da carteira, reserva de emergência inclusa. Já investidores acima de R$ 300 mil podem distribuir 30% em crédito privado e 20% em bonds internacionais, sempre observando a regra de exposição máxima.

Próximos passos da XP e expectativa de mercado

Próximos passos da XP e expectativa de mercado

Nos próximos meses, a XP pretende atualizar mensalmente a lista de bonds, incorporando novas emissões de empresas do setor de energia renovável e tecnologia. Além disso, a corretora sinalizou que vai ampliar a plataforma de negociação de ativos internacionais, permitindo a compra direta em bolsas europeias.

Na Morning Call XPBrasil, o economista interno Rodolfo projetou que a Selic deve permanecer acima de 13% até o final de 2025, descendo apenas gradualmente em 2026, o que prolonga o cenário favorável para a renda fixa.

Em síntese, o que a XP está dizendo é simples: a renda fixa ainda tem espaço para gerar retorno real, sobretudo quando combinada com estratégia internacional e seletividade no crédito privado.

Perguntas Frequentes

Como a alta da Selic afeta os investimentos em renda fixa?

A Selic elevada eleva o rendimento dos títulos públicos pós‑fixados, como o Tesouro Selic, tornando‑os mais atrativos para investidores que buscam segurança e liquidez. Ao mesmo tempo, aumenta o custo de financiamento para emissores privados, o que pode reduzir a emissão de novos bonds.

Quais são os principais riscos dos bonds internacionais recomendados pela XP?

Os riscos incluem volatilidade cambial, risco de crédito do emissor brasileiro, e risco de liquidez, já que esses títulos negociam em mercados externos com menor profundidade que os EUA. A XP limita a exposição a 5% por emissor para controlar esses fatores.

A diversificação internacional realmente protege contra a inflação brasileira?

Sim, porque ativos em dólares não seguem a inflação medida em reais. Quando a moeda local perde valor, os rendimentos em dólares mantêm poder de compra, oferecendo uma camada extra de proteção ao investidor.

Qual a recomendação da XP para quem tem pouco capital para investir?

Para investidores com menos de R$ 50 mil, a XP sugere concentrar a maior parte da carteira no Tesouro Selic, garantindo liquidez e rentabilidade compatível com a taxa Selic. Opcionalmente, pode‑se destinar até 10% em fundos de renda fixa de curto prazo.

Quando a XP deve atualizar sua lista de bonds internacionais?

A lista é revisada mensalmente, com publicação em 30 de cada mês. Mudanças no cenário de risco‑retorno ou novas emissões corporativas podem levar a ajustes a qualquer momento.

Sobre o Autor

Leonardo Rivers

Leonardo Rivers

Sou um jornalista apaixonado por contar histórias. Trabalho como editor de notícias em um grande portal de notícias brasileiro. Amo escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil e dar voz aos acontecimentos que impactam nossa sociedade.

Comentários (1)

  1. Cris Vieira Cris Vieira

    Observando o relatório da XP, dá pra notar que a Selic ainda está em patamares superiores a 13 % ao ano, o que cria um “prêmio” significativo nos papéis pós‑fixados. Essa condição favorece tanto o Tesouro Selic quanto os títulos atrelados ao IPCA+, já que o spread real pode ficar mais atrativo. Também vale ficar de olho nas emissões de crédito privado que apresentam rating acima de “A”, pois a seletividade ajuda a limitar o risco de inadimplência.

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