Pastor Malafaia chama Moraes de 'criminoso' após PF no Galeão

Pastor Malafaia chama Moraes de 'criminoso' após PF no Galeão

Quando Silas Malafaia, pastor e líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo foi interceptado na madrugada de 20 de agosto de 2025 no Aeroporto Internacional do Galeão, a Polícia Federal apreendeu seu passaporte, celular e cadernos de anotações. A operação, autorizada pelo Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, integra um inquérito que investiga tentativas de obstrução à Justiça ligadas ao caso do suposto golpe de Estado contra o ex‑presidente Jair Bolsonaro.

Contexto político‑judiciário

Desde julho de 2025 o STF tem conduzido um processo sigiloso que busca esclarecer quem, entre autoridades e aliados do ex‑mandatante, teria provocado pressões sobre agentes do judiciário. O procurador‑geral da República, Paulo Gonet, enviou um parecer em 15 de agosto apontando que Malafaia teria atuado como "orientador e auxiliar" das estratégias de coação de Eduardo Bolsonaro e do próprio Jair Bolsonaro. Esse documento foi decisivo para que Moraes emanasse a medida cautelar que culminou na apreensão dos documentos do pastor.

Detalhes da operação da PF

A ação aconteceu nas áreas de desembarque do terminal internacional, logo após o voo da manhã vindo de São Paulo. Agentes, acompanhados de cães farejadores, revistaram a bagagem de Malafaia e encontraram, além do passaporte, um smartphone desbloqueado que continha mensagens trocadas com o ex‑presidente. Segundo o relatório da polícia, foram recolhidos ainda trechos de mensagens em que o pastor pedia apoio para "impedir a decisão judicial contra o Presidente".

Os documentos apreendidos foram encaminhados ao Ministério da Justiça, que ainda não divulgou o conteúdo integral, mas já confirmou que haverá análise por peritos de segurança da informação. A decisão de impedir que Malafaia se comunique com outros investigados, inclusive seu filho, também foi incluída na ordem judicial.

Reações de Malafaia e declarações públicas

Na manhã seguinte, em entrevista ao portal Metrópoles, o pastor não mediu críticas. "Quando eu digo que ele é um criminoso, eu aponto os crimes. Criminoso é quem rasga aquilo que foi feito para defender", declarou Malafaia, acrescentando que Moraes deveria ser “impeached, julgado e preso”.

Em vídeo publicado na rede X, Malafaia chamou o ministro de "ditador de toga" e acusou o STF de "instituir o crime de opinião" no país. "Eu não tenho medo de você, Alexandre de Moraes. Vai me prender, então me prende", gritou, enquanto prometia lançar um novo material de ataque nas próximas semanas.

Durante um ato na Avenida Paulista, em 7 de setembro de 2025, o pastor reiterou que sua perseguição era “religiosa”, apontando que a apreensão dos cadernos – “minha ferramenta de trabalho” – era, na sua visão, um ato de intimidação.

Posicionamento do STF e da investigação

Posicionamento do STF e da investigação

O ministro Moraes, que também presidiu o inquérito inicial contra o ex‑presidente Jair Bolsonaro, justificou a operação como necessária para garantir a integridade das investigações. Em despacho de 20 de agosto, ele enfatizou que “qualquer tentativa de obstruir a Justiça será tratada com a máxima severidade”.

Especialistas em direito constitucional, como a professora da UFRJ Mariana Lopes, alertam que o uso de medidas cautelares contra figuras públicas pode gerar um efeito “efeito chilling” sobre a liberdade de expressão, mas ressaltam que a lei permite restrições quando há risco concreto ao andamento processual.

O processo continua sob segredo de justiça, porém o Ministério Público já indicou que a investigação pode se estender a outros membros da família Bolsonaro e a jornalistas que supostamente teriam colaborado com a suposta campanha de coação.

Impactos e perspectivas

O caso reacendeu o debate sobre a separação dos poderes no Brasil. Para os apoiadores de Bolsonaro, a ação da PF parece mais um “perseguição política”. Já para críticos do ex‑mandatante, a apreensão reforça a ideia de que há um núcleo de aliados tentando desestabilizar o Judiciário.

Nas redes sociais, hashtags como #MoraesCriminoso e #LiberdadeDeReligiao ganharam tração, indicando que a polarização continuará nos próximos dias. Enquanto isso, analistas de mercado apontam que o clima de instabilidade institucional pode afetar a confiança de investidores estrangeiros, que já observaram uma leve retração nos fluxos de capital desde o início do inquérito.

O futuro da investigação ainda depende de decisões posteriores do próprio STF. Se a Corte decidir manter a restrição de contato de Malafaia, o pastor poderá recorrer ao Conselho Nacional de Justiça, alegando violação de direitos fundamentais.

Perguntas Frequentes

Por que a Polícia Federal realizou a operação no Galeão?

A PF agiu após o parecer do procurador‑geral Paulo Gonet, que indicou que Silas Malafaia possuía mensagens que poderiam comprovar coação contra autoridades judiciais. A medida visou garantir a integridade das provas no inquérito sobre obstrução à Justiça.

O que significa a acusação de "crime de opinião" feita por Malafaia?

Malafaia argumenta que o ministro Moraes estaria punindo apenas a expressão de ideias contrárias ao Judiciário, o que, segundo ele, configuraria um crime contra a liberdade de expressão. Juristas apontam que, sob a Constituição, críticas ao Poder Judiciário são permitidas, salvo incitamento a crimes.

Quais são as possíveis consequências jurídicas para Silas Malafaia?

Se as investigações confirmarem envolvimento em planejamento de coação, Malafaia pode responder por crime de organização criminosa e obstrução da Justiça, ambos com penas que podem ultrapassar 12 anos de prisão, além de multas.

Como a comunidade religiosa tem reagido à apreensão dos cadernos de Malafaia?

Diversas lideranças evangélicas denunciaram o que chamam de "perseguição religiosa" e convocaram manifestos nas principais capitais. No entanto, outros pastores enfatizam a importância de respeitar decisões judiciais.

Qual o impacto desse caso no cenário político brasileiro?

O caso pode aprofundar a polarização entre apoiadores de Bolsonaro e defensores do Judiciário. No curto prazo, ele alimenta debates sobre liberdade de expressão e autoritarismo, enquanto, a longo prazo, pode influenciar futuras reformas institucionais.

Sobre o Autor

Leonardo Rivers

Leonardo Rivers

Sou um jornalista apaixonado por contar histórias. Trabalho como editor de notícias em um grande portal de notícias brasileiro. Amo escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil e dar voz aos acontecimentos que impactam nossa sociedade.

Comentários (5)

  1. Andreza Tibana Andreza Tibana

    Olha, esse pastor sempre mete o bedelho onde não é chamariz, e agora a PF tá pegando ele no aeroporto, tipo de novo. Ele fala de liberdade, mas parece que tá mais interessado em proteger o próprio negócio.

  2. José Carlos Melegario Soares José Carlos Melegario Soares

    É um escândalo digno de filme de ação, uma verdadeira caça ao traidor da nação! A interceptação no Galeão demonstra que ninguém está acima da lei, nem mesmo um pastor que se acha intocável.

  3. Marcus Sohlberg Marcus Sohlberg

    Claro que tudo isso tem um plano oculto; quem controla a PF sempre tem seus próprios aliados dentro do governo. O que vemos aqui é só a ponta do iceberg da verdadeira conspir ação contra a soberania.

  4. Samara Coutinho Samara Coutinho

    Ao analisar o desdobramento dos eventos, percebe‑se que a ação da Polícia Federal não é um ato isolado, mas parte de um conjunto de medidas destinadas a salvaguardar a integridade do processo judicial. Primeiro, a apreensão de documentos comprova que há evidências concretas que podem influenciar o rumo da investigação. Segundo, a presença de mensagens que sugerem coação evidencia um comprometimento direto com a tentativa de manipular decisões judiciais. Terceiro, a decisão de restringir o contato do pastor com terceiros demonstra preocupação com a preservação de provas sensíveis. Ademais, a jurisprudência brasileira estabelece que medidas cautelares podem ser aplicadas quando houver risco de interferência no andamento processual. Ainda que alguns vejam tal medida como cerceamento de liberdade de expressão, a Constituição permite restrições quando a segurança jurídica está em jogo. A doutrina constitucional, por sua vez, ressalta que a livre manifestação não pode servir de escudo para atos ilícitos. Nesse sentido, a atuação do ministro Moraes parece alinhada ao princípio da separação dos poderes, que requer respeito mútuo entre as instituições. Por outro lado, é inevitável reconhecer que a polarização política intensifica a percepção de perseguição. O discurso do pastor, ao rotular o ministro de “ditador”, reflete uma estratégia de mobilização de sua base religiosa. Contudo, a retórica inflamável pode gerar efeitos colaterais, como a radicalização de seguidores. É crucial, portanto, que o debate se mantenha ancorado em argumentos jurídicos, e não em ataques pessoais. Assim, a sociedade pode avaliar de forma mais objetiva os limites entre segurança pública e libertades civis. Em suma, o caso representa um ponto de inflexão que pode definir precedentes importantes para futuras situações semelhantes. Portanto, os próximos passos do STF serão observados minuciosamente por toda a comunidade internacional.

  5. Thais Xavier Thais Xavier

    É mais um show de teatro barato.

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