Quando Hamas entregou nesta segunda‑feira (13/10/2025) os últimos reféns israelenses ainda vivos, o mundo prendeu a respiração. A troca, feita sob o acordo de cessar‑fogo medido pelos EUA, aconteceu em Tel Aviv, onde o Exército de Defesa de Israel (IDF) recebeu os 20 sobreviventes às 11h17 (horário local).
Contexto histórico da captura
Em 7 de outubro de 2023, após a invasão surpresa a partir de Gaza, o grupo militante prendeu 251 israelenses; 115 deles ainda estavam desaparecidos até o dia 12 de outubro de 2025, segundo registros do IDF. O conflito, que já custou mais de 1.200 vidas israelenses e cerca de 2.3 milhões de palestinos, gerou uma série de tentativas de negociação, mas só em outubro de 2025 um acordo formal foi assinado, liderado pelos Estados Unidos.
Detalhes da troca de reféns e prisioneiros
Os 20 reféns liberados tinham idades entre 21 e 48 anos. Entre eles estavam Matan Angrest, soldado de 22 anos capturado perto da base militar de Nahal Oz, e os gêmeos Gali e Ziv Berman, de 28 anos, sequestrados durante o massacre de Kfar Aza. Também foi devolvido Elkana Bohbot, cidadão colombo‑israelense de 36 anos, cuja situação legal ainda era tema de debate diplomático.
Paralelamente, 35 prisioneiros palestinos foram transportados ao posto fronteiriço de Erez, em Gaza, às 14h45 (horário local). A operação foi acompanhada por um alto‑oficial da Autoridade Palestina, que pediu anonimato por questões de segurança.
- 20 reféns vivos entregues a Israel;
- 4 corpos de reféns mortos foram devolvidos (Daniel Peretz, Noa Argamani, Shlomi Ziv, Almog Meir Jan);
- 35 presos palestinos enviados para Gaza;
- O acordo previa a entrega de todos os corpos vivos em 72 horas e dos mortos em 120 horas.

Reações dos líderes políticos
O ministro da Defesa, Israel Katz, classificou a entrega dos corpos como “fracasso no cumprimento de compromissos”, advertindo que qualquer atraso futuro seria considerado violação grave do acordo.
Já Donald Trump, ex‑presidente dos EUA, discursou na Knesset às 10h00 (horário local) e proclamou: “Os céus estão calmos, as armas estão silenciosas, as sirenes estão em silêncio e o Sol nasce em uma Terra Santa que finalmente está em paz”. O discurso foi seguido por sua partida rumo ao Cairo para um encontro com Abdel Fattah el‑Sisi, presidente do Egito, e o rei Abdullah II da Jordânia, marcado para 14 de outubro.
O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, representado por famílias como a dos Angrest e dos Berman, manifestou “chocagem e consternação” pela ausência dos restos mortais de 73 vítimas, exigindo a suspensão do acordo até que todos os corpos fossem repatriados.
Impactos e desafios para a paz
Analistas apontam que, embora a libertação dos últimos reféns vivos seja um marco simbólico, a situação ainda está longe de se estabilizar. O economista Manuel Furriela, da Fundação Getúlio Vargas, comentou que a operação traz alívio, mas que “os obstáculos para uma solução duradoura permanecem”. Entre eles, a reconstrução da infraestrutura de Gaza, as disputas sobre o corredor de Philadelphi e a permanente ameaça de confrontos nas fronteiras com o Líbano, onde o Hezbollah tem mantido trocas de disparos desde 2023.
Além disso, a dificuldade de localizar todos os restos mortais está ligada à devastação de hospitais e cemitérios em Gaza, que foram alvos de bombardeios intensos. A comunidade internacional, através do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, continua monitorando a situação humanitária.

Próximos passos e expectativa de futuro
O summit em Cairo, previsto para as 9h00 de 14/10/2025, deverá definir um quadro de governança pós‑guerra para Gaza, envolvendo atores regionais e internacionais. O foco será a criação de um Conselho de Reconstrução, bem como a garantia de liberdade de movimento para civis e a supervisão de acordos de segurança.
Entretanto, a sombra de um novo ciclo de violência ainda paira. O CENTCOM dos EUA continua monitorando via satélite os trâmites de transferência e mantém uma postura de prontidão, caso alguma das partes descumpra os termos do cessar‑fogo.
Perguntas Frequentes
Quantos reféns ainda estão desaparecidos após a troca?
De acordo com o Exército de Defesa de Israel, ainda faltam 73 corpos de reféns mortos que não foram localizados em Gaza, embora todos os 20 vivos tenham sido devolvidos.
Qual foi a reação oficial de Israel à entrega dos corpos?
O ministro da Defesa, Israel Katz, denunciou a entrega de apenas quatro corpos como um “fracasso no cumprimento de compromissos” e alertou que futuras violações seriam tratadas como graves infrações ao acordo.
O que o presidente Donald Trump prometeu na Knesset?
Trump declarou que havia um "amanhecer histórico de um novo Oriente Médio", enfatizando que as armas estavam silenciosas e que a região caminhava para uma paz duradoura, antes de se dirigir ao encontro em Cairo.
Quais são os próximos passos diplomáticos após a troca?
Um summit em Cairo, marcado para 14 de outubro, reunirá Donald Trump, o presidente egípcio Abdel Fattah el‑Sisi e o rei jordaniano Abdullah II para discutir a governança pós‑guerra de Gaza e a criação de um Conselho de Reconstrução.
Como a população de Gaza está sendo afetada pela situação?
Com quase 2,3 milhões de habitantes, Gaza ainda sofre com bloqueios, falta de abastecimento básico e a destruição de infraestruturas críticas, o que dificulta a localização dos restos mortais e a retomada de uma vida normal.
É revoltante ver como o mundo celebra um cessar‑fogo que mal cumpre promessas.
Esses acordos são só cortina de fumaça para legitimar a exploração de recursos estratégicos, e quem se cala colabora com a perpetuação do sofrimento.
Com todo o respeito, a análise superficial ignora as complexas dinâmicas regionais; o verdadeiro empecilho reside na falta de vontade política dos líderes ocidentais em assumir responsabilidade.
Ainda que o clima pareça mais calmo, as cicatrizes permanecem sob a superfície.