Flamengo vence Palmeiras e conquista o tetra da Libertadores com gol de Danilo

O Flamengo escreveu seu nome na história do futebol sul-americano no sábado, 29 de novembro de 2025, ao derrotar o Palmeiras por 1 a 0 no Estádio Monumental U, em Lima, e se tornar o primeiro clube brasileiro tetracampeão da Copa LibertadoresLima. O gol da vitória, marcado pelo zagueiro Danilo aos 21 minutos do segundo tempo, foi fruto de um escanteio perfeito de Juan Ignacio Arrascaeta — sua 250ª partida pelo clube. O momento foi tão intenso que, por alguns segundos, o estádio de 70 mil pessoas ficou em silêncio absoluto. Até que a torcida rubro-negra explodiu. E o troféu da Glória Eterna, pela primeira vez na história, vai ficar definitivamente com um clube brasileiro.

Um gol que une gerações

O gol de Danilo não foi apenas um lance técnico. Foi uma síntese da identidade do Flamengo: defesa organizada, paciência e um toque de genialidade no momento exato. O zagueiro, que começou a carreira como volante e virou um dos pilares da defesa mais sólida da competição, subiu como um raio em um escanteio que parecia comum. Arrascaeta, com a precisão de um relojoeiro, colocou a bola na cabeça do companheiro — sem um único palmeirense conseguindo desviar. O goleiro Carlos Miguel nem se mexeu. Foi o tipo de gol que entra na memória coletiva. O mesmo tipo que, em 1981, fez Zico levantar a taça pela primeira vez. Agora, 44 anos depois, o Flamengo repete o feito com um time que não tem estrelas globais, mas tem alma.

Jorge Jesus: o português que reescreveu a história

O técnico Jorge Jesus saiu de campo com a camisa molhada de suor e lágrimas. Não era só a emoção da vitória. Era o fim de um ciclo. Ele havia anunciado, semanas antes, que deixaria o clube após a final para assumir o Al-Hilal, da Arábia Saudita. Com este título, tornou-se o primeiro treinador português a conquistar a Libertadores com um time brasileiro — e o único a fazê-lo duas vezes. Em 2019, ele trouxe o título de volta ao Maracanã após 38 anos. Em 2025, ele o elevou ao patamar de um clube que, pela primeira vez, tem mais títulos continentais do que qualquer outro do Brasil. Grêmio, Santos e São Paulo, com três cada, agora olham para cima. E o Flamengo? Está no topo.

Palmeiras: o que faltou?

O Palmeiras entrou em campo com a confiança de quem já venceu o Flamengo na final de 2021. Naquela ocasião, Deyverson marcou na prorrogação, e o time de Abel Ferreira celebrou como se fosse o fim de uma maldição. Mas em 2025, o jogo foi outro. O Palmeiras dominou o segundo tempo, pressionou com Vitor Roque e Flaco López, mas não encontrou a brecha. A defesa flamenguista, comandada por Léo Pereira e Danilo, foi impecável. Abel, que havia dito antes da partida que "o Flamengo me conhece mais porque estou aqui há cinco anos", não conseguiu superar a organização tática do adversário. O técnico palmeirense foi visto no vestiário após o jogo, com os olhos vermelhos, mas não reclamou. Apenas disse: "Parabéns ao Flamengo. Eles mereceram."

Um título que não se esquece

A CONMEBOL decidiu, em 2023, que qualquer clube que conquistasse quatro títulos da Libertadores poderia reter a taça original — a Glória Eterna. O Flamengo foi o primeiro a alcançar essa marca. O troféu, que até então era apenas emprestado, agora é patrimônio do clube carioca. E isso não é só simbólico. É histórico. O time que venceu em 1981, com Zico, e em 2019, com Gabigol, agora tem um time com jogadores como Arrascaeta, que chegou em 2018, e Danilo, que foi resgatado das categorias de base. Não foi um time de superstars. Foi um time de dedicação.

Reação e rivalidade: "Ninguém morre nos devendo"

Após o apito final, a diretoria do Flamengo, liderada pelo presidente Rodolfo Landim, publicou nas redes sociais uma mensagem que ecoou por toda a torcida: "Ninguém morre nos devendo." A frase, que remete às rivalidades históricas com o Palmeiras — e até com o Corinthians — foi vista como um fechamento de um capítulo. Leila Pereira, presidente do Palmeiras, enviou um comunicado de parabéns, mas não escondeu a dor: "Ficamos com a sensação de que tudo estava ao nosso alcance. Mas o Flamengo foi melhor hoje."

Quem mais foi marcante?

Além de Danilo, eleito o homem do jogo pela CONMEBOL, Arrascaeta teve um desempenho de mestre. O meia, que completou 250 jogos com a camisa do Flamengo, foi o líder de passes certos (94%) e criou as duas melhores chances do time no primeiro tempo. Diego Alves, o goleiro, fez duas defesas cruciais, incluindo uma em chute de Vitor Roque aos 37 minutos do segundo tempo. Já o técnico Jorge Jesus, que deixou o clube com o recorde de mais títulos por um treinador no Flamengo, foi ovacionado até mesmo pela torcida adversária.

Por que isso muda o futebol brasileiro?

O Flamengo não só superou os rivais tradicionais. Ele redefiniu o que significa ser campeão da Libertadores. Antes, o título era um sonho. Agora, é uma expectativa. O clube carioca tem uma estrutura que combina base sólida, identidade tática e gestão de longo prazo. Enquanto outros clubes buscam jogadores caros e treinadores de moda, o Flamengo construiu um time que sabe o que significa vestir a camisa. E isso, talvez, seja o maior legado.