Descoberta de Resort de Luxo do Traficante Peixão no Complexo de Israel

Descoberta de Resort de Luxo do Traficante Peixão no Complexo de Israel

No coração da Zona Norte do Rio de Janeiro, um conglomerado de comunidades vive sob uma autoridade diferente. O Complexo de Israel, controlado pela facção Terceiro Comando Puro (TCP), compõe-se de locais notórios como Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cinco Bocas e Pica-Pau. No topo dessa pirâmide está Álvaro Malaquias Santa Rosa, mais conhecido pelo apelido de Peixão, um senhor das drogas que transforma a violência em poder e opulência.

Com mais de 35 registros criminais, Peixão é um nome intrinsecamente associado ao perigo. Uma figura que desperta receios até mesmo entre os próprios parceiros no crime, devido às suas notórias atividades que incluem execuções sumárias e desaparecimentos misteriosos. Em 2019, sua liderança foi marcada pelo caso de oito jovens desaparecidos, um evento que para muitos ainda clama por respostas. Além disso, sua aversão a religiões de origem africana termina em ataques destrutivos contra esses locais de culto, reforçando sua imagem de um tirano sem fronteiras morais.

Recentemente, uma operação policial revelou um lado menos conhecido da vida de Peixão: o luxo. Camuflado no cotidiano tenso das comunidades, foi encontrado um verdadeiro enclave de riqueza e opulência. Duas propriedades de luxo emergiram dos relatórios policiais, erguidas no seio da rebeldia do tráfico. Um resort particular que oferece uma praia artificial, uma piscina de dimensões olímpicas, saunas que flertam com o exótico, uma academia privativa digna dos mais exigentes e um espaço de festa sempre pronto para a celebração. Mais do que uma ostentação de riqueza, esse espaço serve de ponto de referência e encontro para os comparsas de Peixão.

Região Área Controlada
Cidade Alta Praticamente Total
Parada de Lucas Presença Intensa
Vigário Geral Influência Significativa
Cinco Bocas Controlada
Pica-Pau Acesso Regular

É um contraste cruel entre a realidade dos moradores locais e o fausto de um homem que aparenta violar tudo o que é legal. O complexo está estrategicamente posicionado, flanqueado por rodovias cruciais como a Avenida Brasil, Rodovia Washington Luiz e a icônica Linha Vermelha, rotas fundamentais que são frequentemente o palco de bloqueios durante operações policiais, paralisando partes da cidade e causando caos no transporte público.

A operação policial realizada em 24 de outubro serve como um simbolismo da luta das autoridades para restaurar a ordem. Um dia marcado pela violência inevitável, resultando em uma morte confirmada e cinco feridos em um enfrentamento direto com o crime organizado. As operações atingiram também os sistemas de transporte, com pelo menos 20 linhas de ônibus encerrando seus serviços e fechando temporariamente estações da Supervia e MobiRio, estrangulando o já caótico trânsito urbano.

O interesse de Peixão, no entanto, não se limita ao Complexo de Israel. Seu domínio se estende além das fronteiras invisíveis dos morros, mergulhando nas áreas urbanas de Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Seus símbolos de poder, incluindo bandeiras de Israel e a Estrela de David, marcam territórios em um gesto que muitos consideram em desacordo com sua alegada fé evangélica.

Peixão é, portanto, uma anomalia evidente no cenário do crime carioca. Enquanto as autoridades lutam para colocá-lo atrás das grades, ele continua a evadir a prisão com documentos falsos, navegando por brechas legais e influenciando mercados em seu benefício. A descoberta do resort de luxo reforça o paradoxo de sua existência: um homem de fé autoproclamado que constrói um reino sobre a dor, adornando com luxo o que em outros tempos seria um campo de batalha.

Sobre o Autor

Heitor Almeida

Heitor Almeida

Sou um jornalista apaixonado por contar histórias. Trabalho como editor de notícias em um grande portal de notícias brasileiro. Amo escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil e dar voz aos acontecimentos que impactam nossa sociedade.

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