Oruam se entrega à Polícia do Rio após acusação de envolvimento com o tráfico
O rapper carioca Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, foi notícia em todo o país após se apresentar à Polícia Civil do Rio de Janeiro no dia 22 de julho de 2025. Ele tem 23 anos e traz no currículo não só bilhões de reproduções em streamings, shows em festivais gigantes como o Lollapalooza, mas também uma pesada herança: é filho de Marcinho VP, famoso líder do Comando Vermelho que está preso desde 1996. Agora, Oruam enfrenta na Justiça acusações de tráfico de drogas, associação criminosa, resistência, desacato, ameaça, lesão corporal e dano patrimonial.
A decisão pela prisão preventiva veio logo após uma operação policial no bairro Joá, Zona Oeste do Rio, em 21 de julho. Segundo os investigadores, a ação buscava capturar um menor de idade suspeito de ser segurança de Edgar Alves de Andrade, mais conhecido como "Doca", outro nome forte do Comando Vermelho. Durante a ação, Oruam e oito pessoas teriam tentado evitar a apreensão do adolescente atirando pedras contra os policiais, ferindo um agente no processo. Esse episódio virou o estopim para o pedido de prisão, que foi imediatamente deferido pelo Tribunal de Justiça do Rio.
Discurso de inocência e repercussão na cena musical
Poucas horas antes de se entregar, Oruam foi às redes sociais desafiar o estigma sobre seu envolvimento com o crime. "Não sou bandido", afirmou em vídeo publicado no Instagram, prometendo provar inocência e dizendo que sua ligação com a criminalidade não passa da história de seu pai. Essa narrativa já é bem conhecida do público, afinal, o rapper costuma mencionar a prisão do pai em suas músicas e discursos nos palcos, apresentando-se como alguém que buscou novos caminhos apesar do sobrenome pesado.
Já detido, Oruam foi levado para a penitenciária José Frederico Marques, no bairro Benfica. O clima no local foi tenso, com pequenos grupos de fãs reunidos e muita especulação entre artistas do rap, muitos dos quais criticaram o que chamam de "criminalização da cultura periférica".
Agora, ele aguarda audiência de custódia marcada para 23 de julho. Só então a Justiça vai decidir se ele permanece preso ou consegue responder em liberdade. Enquanto isso, o caso reacende o debate sobre a fronteira entre arte, realidade e legado familiar — e expõe novamente o conflito entre polícia e personagens de grande visibilidade ligados, direta ou indiretamente, ao crime organizado no Rio.
As acusações envolvendo Oruam miram também antigos problemas do Rio: a dificuldade de separar jovens em ascensão artística da influência dos grupos criminosos, e a desconfiança que recai sobre quem nasce e cresce em territórios comandados por facções.